quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Minha terra é o Pampa, Cheretã dos Charruas, universo da vida que nela habita, que por ela foi forjada e que a ela reconstrói num cotidiano secular. Aos homens e mulheres pampeanos, no esforço de compreendê-los em seu tempo e espaço abre-se esta ventana.

E para empezar os trabalhos, vamos falar dela, nosso meio de vida, objeto de estudo e contemplação, a minha terra. Pelas palavras versadas do Colmar Duarte ( ele é de Uruguaiana, mas isso a gente releva)


CHERETÃ

Meu amor pela Terra não é cego.
Não é paixão feroz, desenfreada.
Nem tem o espanto, o ciúme e a saudade  
Desse amor da primeira namorada.

Meu amor pela Terra não precisa
De clarins, estandartes e bandeiras;
Nem carimbos, registros e diplomas
Que lhe calcem esporas cantadeiras.

Meu amor pela Terra vem dos tempos,
Na memória dos gens que me dão forma;
Nas artérias que irrigam minha carne,
No sopro que dá luz à minha alma.

É um amor consciente da certeza
De quem sabe esse amor purificado
No convívio incestuoso partilhado
Com a Terra que é minha natureza.

Pacha Mama do Inca trucidado,
Cheretã do Charrua exterminado,
Chão sem fronteiras do meu universo;
Que vive em mim no barro do meu corpo
Que canta em mim nos sons desta garganta
E há de ficar pra sempre no meu verso.

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